quinta-feira, 16 de junho de 2011
quinta feira: onze horas, quarenta e sete minutos
quarta-feira, 15 de junho de 2011
quarta feira: onze horas, cinquenta e quatro minutos
ANÁLISE DOS POEMAS DE ANA CRISTINA CÉSAR
Biografia
Ana Cristina César nasceu em 1952. Entre os autores que se costuma classificar, acertadamente ou não, como pertencentes à geração dita marginal da poesia, Ana Cristina César é a que possui uma escrita mais pessoal, isto é, menos influenciada por obras, vanguardas ou movimentos anteriores. Seus poemas, quase sempre na primeira pessoa do singular, estabelecem um tipo de discurso de si, um diálogo com a própria experiência do mundo e com uma necessidade resoluta da escrita. Sua poética é uma navegação pela imensa variedade de objetos do mundo, que podem ser ela própria, pessoas, livros, lugares, cartas, uma dor indefinida ou até mesmo uma pequena coceira. Nesse universo, nada é mais certo do que nada, nada tem privilégio ou é a priori descartado. O eu que discursa em Ana Cristina César, longe de ser um ego, é um eu fragmentado, incompleto, característico e quase que anunciador de uma das mais fortes vertentes da contemporaneidade. Por isso mesmo, a morte precoce da autora, em 1983, só reforça esse inacabamento que, de fato, já faz parte do cerne de sua escrita, desde o seu início.
obras
Cenas de Abril (1979)
Correspondência Completa (1979)
Literatura não É Documento (1980)
Luvas de Pelica (1980)
A teus Pés (1982)
Inéditos e Dispersos (1982)
Escritos da Inglaterra (1988)
Escritos no Rio (1993)
Correspondência Incompleta (1999)
Soneto
Pergunto aqui se sou louca
Quem quer saberá dizer
Pergunto mais, se sou sã
E ainda mais, se sou eu
Que uso o viés pra amar
E finjo fingir que finjo
Adorar o fingimento
Fingindo que sou fingida
Pergunto aqui meus senhores
quem é a loura donzela
que se chama Ana Cristina
E que se diz ser alguém
É um fenômeno mor
Ou é um lapso sutil?
A métrica do poema apresenta irregularidade ora contendo 8 silabas métricas e em outros versos 5. Os versos do soneto são livres, não obedecem a nenhum esquema. Não há metro, mas apenas "ritmo interior", não se fixa a norma nenhuma fora a estrutura de um soneto. Os versos são encadeados e trata-se de um dialogo com o "eu", Ana Cristina questiona sua sanidade num dialogo consigo mesma.
Na segunda estrofe podemos notar a existência de aliteração da consoante "n"
E finjo fingir que finjo
Adorar o fingimento
Fingindo que sou fingida